domingo, 13 de dezembro de 2009

Em 1946, Uberaba enfrentou o campeão paraguaio em Boulanger Pucci.

No início de 1946 o Uberaba disputou a segunda partida internacional de sua história. Quase vinte anos após a partida contra o Peñarol Universitário, o estádio Boulanger Pucci recebeu o esquadrão do Libertad, campeão paraguaio, em excursão pelo país. O time, que no ano anterior disputara pela primeira vez o campeonato mineiro, se reforçou com dois jogadores do Independente, Adão e Ditinho. Após um início de primeiro tempo muito bom, o Uberaba caiu de produção, principalmente após a inexplicável saída do meia direita Adão, aos 29 minutos. O primeiro tempo terminou com o empate de 1x1, mas o Alvi-rubro não mais se encontrou na partida e, no segundo tempo, permitiu que os campeões paraguaios fizessem dois gols, definindo o resultado. O destaque do amistoso foi o centroavante paraguaio Arevalos, de apenas 17 anos, que infernizou a zaga do Glorioso.

Ficha Técnica:
Uberaba 1x3 Libertad
Data: 27/01/1946
Local: Estádio Boulanger Pucci, Uberaba – MG
Renda: Cr$25.000,00
Árbitro: Eduardo Carron (Paraguai)
Uberaba: Veríssimo, Botelho e Nenzinho; Mexicano, Ferreira e Carnaval; Anísio (Ditinho), Adão (Netinho) (Antero), Cabelo, Otacílio e Barros.
Libertad: Vargas, Gonsalez e Buzan; Gavilan, Meaurio (Leguizamon) e Fernandez; Esquivel (Salinas), Diaz, Arevalos, Patino e Alvarez.
Gols: Cabelo (25’do 1 T); Patino (14’do 1 T), Arevalos (12’do 2 T) e Esquivel (25’ do 2 T)

Campeonato Amador de Uberaba 1945

Participantes:
Associação Esportiva Merceana – Bairro Mercês
CBU Centro Bancário de Uberaba – Centro
Clube Atlético Mineiro – Bairro da Abadia
Esporte Clube Fabrício – Bairro Fabrício
Independente Atlético Clube – Bairro Estados Unidos
Sete de Setembro Futebol Clube – Bairro São Benedito
Uberaba Sport Club - Bairro Mercês

Alguns Resultados:
18/03/45
Independente 5x4 Atlético

25/03/45
Uberaba 3x0 Fabrício

01/04/45
Sete de Setembro x Merceana

Xx/xx/45
Fabrício 3x0 Atlético

Xx/xx/45
Fabrício 3x0 Centro Bancário

Xx/xx/45
Sete de Setembro 0x3 Fabrício

Xxd/xx/45
Merceana 9x1 Centro Bancário

Xx/xx/45
Uberaba x Merceana

30/12/45
Merceana 4x2 Independente

01/01/46
Fabrício 1x1 Uberaba

06/01/46
Uberaba 3x6 Independente

13/01/46
Atlético 2x5 Merceana

Classificação Final:
1 – Merceana – 19 pg 05 pp; 8v, 3e, 1d 45 gols pró 18 gols contra
2 – Independente 16 pg 08 pp (8v, 4d 38 gols pró, 22 gols contra), Uberaba (7v, 2e, 3d; 31 gols pró 18 gols contra) e Fabrício (7v, 2e, 3d; 24 gols pró 12 gols contra).
5 – Atlético – 07pg 17 pp; 3v, 1e, 8d; 26 gols pró 40 gols contra
6 – Centro Bancário – 06pg 18 pp; 3v, 9d; 14 gols pró 49 gols contra
7 – Sete de Setembro – 04 pg 20 pp; 1v, 2e, 9d; 19 gols pró 38 gols contra

Associação Esportiva Merceana, campeã amadora de Uberaba, 1945.

Artilheiro: Lógico (Merceana) – 14 gols.
Goleiro menos vazado: Beco (Fabrício) – 12 gols sofridos.
Maior Goleada: Merceana 9x1 Centro Bancário

domingo, 31 de maio de 2009

A história de Juca Pato, ídolo do Uberaba Sport.


Uma sepultura simples, na longínqua quadra ”R” do Cemitério São João Batista, em Uberaba, é residência eterna de um dos maiores e mais polêmicos jogadores do Uberaba Sport em todos os tempos: o “negrinho” Juca Pato. O túmulo simples é ornamentado por uma bola de futebol esculpida em granito e uma singela plaqueta, onde se lê: “Jucapato, ídolo de sempre”.



José Antônio da Silva nasceu em 02/11/1910. Habilidoso, de refinada técnica, chamava a atenção pela visão de jogo, a facilidade em dar passes, a boa condução de bola e o preparo físico invejável. Foi figura onipresente no ataque alvirubro nas décadas de 30 e 40. Sua fama ultrapassava as fronteiras do Brasil Central e o levou a jogar no Corinthians no final da década de 30. Em São Paulo, tomado pela saudade da sua Uberaba, ficou por pouco tempo, alegando que “o frio por lá estava de matar”.


Após mais de 60 anos, sua passagem pelo Colorado continua sendo lembrada, tanto pelas apresentações notáveis quanto pelas enormes confusões que criava. Mesmo jogando ao lado de atletas como Ayala, Gabardo e Gabardinho, era apontado pelos torcedores como um dos maiores destaques do time. Mas o ponta-direita, esperto, driblador e artilheiro notabilizou-se mesmo pela fama de encrenqueiro, provocando várias brigas em sua carreira.


Ajudou a equipe alvirubra a brilhar em vários momentos, inclusive na primeira participação do clube em campeonatos mineiros, no longínquo ano de 1945, quando já era um veterano. Nesse campeonato, fraturou o tornozelo em um jogo contra o Atlético Mineiro, numa disputa de bola com Cafunga.


Em 1946, recuperado mas receoso, retornou aos campos na equipe de aspirantes do Uberaba, mas não jogou mais pela equipe principal e acabou por transferir-se para o Atlético da Abadia, disputando o campeonato amador de Uberaba.


A última contusão, mal curada por uma medicina ortopédica ainda rudimentar, fez com que Juca mancasse para sempre. Encerrou sua carreira no final da década de 40. Por muitos anos trabalhou no Uberabão, como auxiliar de serviços gerais, onde servia o famoso “cafezinho da imprensa” nas cabines de rádio, jornal e TV. Completava a renda fazendo bicos como pedreiro e pintor.


Saindo de cena
E foi trabalhando na reforma de um telhado que Jucapato encontrou a morte. Por descuido, enquanto trabalhava, deixou escapar uma telha, que espatifou-se em um berço, no cômodo abaixo. O incidente não passou de um susto, mas a briga que se sucedeu, entre Juca e seu contratante, causou intensa emoção e desgosto no velho jogador. À noite, no mesmo dia, caiu vitimado por um infarto fulminante. Morreu brigando, como brigando viveu toda uma vida de limitações e dificuldades.


Faleceu em 06/02/1981, deixando viúva a Sra. Zulmira Teodoro de Sousa e quatro filhos. Seu velório ocorreu no Estádio Boulanger Pucci, com todas as honras para um dos maiores ídolos do clube em todos os tempos. Hoje é nome de uma rua no Conjunto Beija Flor II, bairro popular de Uberaba.


Abaixo a transcrição da marcha Juca Pato, composta por Lourival Balduíno do Carmo, o Barão, co-autor do hino do Uberaba Sport, publicada no jornal “O Triângulo Esportivo” em 1938. Mais uma evidência de sua condição de ídolo da torcida.

Juca Pato (Marcha) 
Música: Benedicto Nascimento
Letra: Lourival Balduíno do Carmo (Barão)


Bola ao ar, bola no chão
Juca Pato é campeão


Se a bola centra,
O negro entra!
Elle é pão duro!
Que não dá furo


É uberabense
Que chuta e vence
É o intemerato
Az Juca Pato!


Bola ao ar, bola no chão
Juca Pato é campeão
Torcida alerta!
É gol na certa


No pé do pato
Não há desacato
É bravo e audaz!
Heroe primeiro
Grande Ponteiro!


Bola ao ar, bola no chão
Juca Pato é campeão.
Obs.:
Agradecimento especial à Doutora Lúcia Helena Soares, excelente obstetra, que trouxe ao mundo meus dois filhos, Ruy Neto e Davi. Neta de Juca Pato, Lúcia me contou boas histórias que enriqueceram esse artigo.


Demais fontes:
- Jornal O Triângulo Esportivo, de Uberaba-MG, edição de 22/02/1938.
- Jornal Lavoura e Comércio, de Uberaba-MG, diversas edições de 1946.
- Jornal da Manhã, de Uberaba - MG, edição de 07/02/1981.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Campeonato Uberabense de 1946

Esse torneio marcou o início do famoso penta campeonato conquistado pelo Independente, verdadeiro bicho papão do futebol amador uberabense. Merece registro também a primeira participação do VR Futebol Clube, time criado pelo pecuarista Torres Homem, cujo nome, o mesmo da empresa agropecuária, fazia homenagem ao pai, Vicente Rodrigues da Cunha, um dos maiores expoentes da pecuária nacional e ex-presidente do Uberaba Sport. O VR conseguiu sua filiação e inscrição no campeonato após a realização do Torneio Início, vencido pelo Uberaba, que por sua vez desistiu de disputar o certame.
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Participantes:
- Independente Atlético Clube - Bairro Estados Unidos
- Associação Esportiva Merceana - Bairro das Mercês
- Clube Atlético Mineiro - Bairro da Abadia
- Esporte Clube Fabrício - Bairro do Fabrício
- Sete de Setembro Futebol Clube - Bairro São Benedito
- VR Futebol Clube - Chácara N. S. de Lourdes
Resultados:
Primeiro turno:
31/03/46
Sete de Setembro 0x2 Fabrício (Baiano e Ticrila)
03/04/46
Independente 2x1 Atlético (Anísio e Netinho; Tiago)
07/04/46
Merceana 1x1 VR (Totonho, Osório)
10/04/46
Fabrício 2x3 Independente (Telegrama, Pinhegas; Baiano (contra), Anísio e Jorginho)
14/04/46
Atlético 4x1 Sete de Setembro (Fio (2), Jucapato e Pão Creoulo; Geraldino)
20/04/46
VR 2x0 Fabrício (Mauriti e Gabardão)
21/04/46
Independente 2x1 Merceana (Netinho (2); Totonho)
24/04/46
Sete de Setembro 0x1 VR (Mauriti)
28/04/46
Atlético 1x1 Fabrício (Tiago; Ciabotti)
01/05/46
Merceana 3x2 Sete de Setembro
05/05/46
VR 2x0 Independente (Gilberto e Odair)
08/05/46
Fabrício 1x2 Merceana
12/05/46
VR 1x0 Atlético (Túlio)
15/05/46
Sete de Setembro 1x3 Independente (Katalian; Jorginho (2) e Anísio)
19/05/46
Atlético 2x2 Merceana (Pão Creoulo e Tiago; Totonho e Lógico)

Segundo turno:
29/05/46
Fabrício 1x3 Sete de Setembro (Baiano II; Santa Tereza (2) e Zeca)
02/06/46
Atlético 1x4 Independente (Pão Creoulo; Netinho (2) e Helinho (2))
05/06/46
VR 0x2 Merceana (Totonho, Valtinho)
09/06/46
Independente 5x2 Fabrício (Leleco (2) e Netinho (3): Baiano II (2))
12/06/46
Atlético 4x1 Sete de Setembro
16/06/46
Fabrício 0x2 VR (Anísio e Pedro)
19/06/46
Merceana 1x2 Independente (Pé de Gancho; Helinho (2) e Leleco)
23/06/46
VR 5x1 Sete de Setembro (Mauriti, Nelson (2), Torres Homem e Gabardo; Lázaro)
26/06/46
Fabrício 1x4 Atlético
30/06/46
Merceana 3x2 Sete de Setembro (Valtinho, Totonho e João; Pedro e Zeca)
03/07/46
Independente 3x2 VR
07/07/46
Fabrício x Merceana (empate)
10/07/46
VR x Atlético (empate)
14/07/46
Independente 5x0 Sete de Setembro (Adão (3), Helinho e Netinho)
21/07/46
Atlético x Merceana

Classificação Final:1 – Independente
2 – VR
3 – Merceana
4 – Atlético
5 – Fabrício
6 – Sete de Setembro