sábado, 14 de dezembro de 2013

Hector Roberto Gritta, um gentleman argentino com muita história em Uberaba.


Nascido em Córdoba, Argentina, em 6 de janeiro de 1915, filho de Santiago Gritta e Laura Silvetti, o zagueiro Hector Roberto Gritta jogou nos clubes argentinos All Boys e Velez Sarsfield (Segundo quadro), quando resolveu vir jogar no Brasil. Chegou no porto do Rio de Janeiro, a bordo do vapor Monte Pascoal, em 12 de abril de 1939, ainda sem saber onde iria jogar, e com o passe preso ao Velez.

Não demorou para que o América do Rio resolvesse pagar a importância de mil pesos exigida pelo clube argentino. Em 28 de abril de 1939 assinou contrato com o América, clube que defendeu até 1948. Notabilizou-se no futebol carioca pela marcação implacável que exercia sobre o renomado Heleno de Freitas. Pelo futebol que apresentava dentro do campo e pela maneira cordial como atendia a todos os brasileiros, Gritta deixou saudades em Campos Sales.

Time do América do Rio, em foto de 1943. Hector Gritta é o terceiro jogador, em pé, da esquerda para a direita.

Em maio de 1948 se transferiu para o Guarani, de Campinas (SP). Em 12 de fevereiro de 1950, fazia parte do time que ajudou na ascensão do Guarani para a Primeira Divisão do Campeonato Paulista. O Bugre, treinado por Adelmo Pelegrino Begliomini, derrotou o Batatais na final.

Apesar do sucesso na carreira de zagueiro jamais teve sorte na carreira de técnico, que abraçou em 1950, assim que pendurou as chuteiras, pois nunca foi contratado por um grande clube.

Hector Gritta, com a camisa do América.
Nos anos de 1954 e 1955 dirigiu o Uberaba, ganhando pelo clube o Campeonato Regional do Triângulo de 54. No Campeonato de 55, também vencido pelo Uberaba Sport, ele assumiu o Independente no meio do torneio e fez uma bela campanha com o tradicional time cadete da cidade de Uberaba.

No interior paulista, treinou a Francana, em 1957, e, mais tarde o Jaboticabal. Em 1959 esteve no Valeriodoce, de Itabira (MG). Voltou ao Uberaba em 1960 e ficou até 1961.

Assumiu o comando do Rabello em 3 de fevereiro de 1965. Além do título de campeão brasiliense de profissionais conquistado neste mesmo ano, ainda foi apontado como o “Técnico do Ano” pelo jornal Correio Braziliense.

Em 30 de julho de 1966 foi dispensado pelo Rabello após incidentes ocorridos na concentração do clube, quando se desentendeu com o jogador Beto Pretti.

Logo depois, assinou com o Anápolis, de Goiás. Passou pelo Nacional, de Itumbiara (GO) e voltou ao Rabello em julho de 1967, a tempo de conquistar mais um título de campeão brasiliense, o segundo.

Assinou contrato em 27 de novembro de 1968 com o Independente, de Uberaba, onde permaneceu até 1969. Na cidade de Uberaba deixou muitas saudades após suas várias passagens pelos clubes da terra do Zebu.

Em 1970 voltaria ao futebol de Brasília para ser o treinador da A. A. Serveng-Civilsan, clube que conquistou o vice-campeonato, perdendo a final para o Grêmio Brasiliense.
Em fevereiro de 1971 foi convidado para ser o treinador da Seleção do Distrito Federal em amistosos realizados naquele ano.

Em julho de 1973 assumiu o Botafogo, de Salvador (BA). Na Bahia o velho conquistador se casou e teve quatro filhos. Continuou pelo estado e assumiu o Humaitá, de Vitória da Conquista (BA), em 1975, de onde foi demitido acusado pela diretoria do clube de participar de farras com os jogadores. Em 1977 transferiu-se para o Vitória, do Espírito Santo.

Em 1979, já com 64 anos, e treinando a ABB, da Bahia, foi tema de matéria da revista Placar, que falava sobre os recorrentes atrasos no salário do velho mestre. Na época, pai de 4 filhos, entre 1 e 5 anos, socorria-se da boa vontade de alguns amigos, como Zezé e Aimoré Moreira. E aproveitou a matéria para reclamar:
“Há dias que não tenho nem mesmo o que comer. O pior é quando a mulher diz que o leite do menino acabou e não tenho nenhum cruzeiro no bolso”.
Após a divulgação da matéria, conseguiu emprego no Vitória, do presidente Rui Rosal, clube que já dirigira, como treinador da equipe juvenil.

Morreu em Salvador, vitimado por um ataque cardíaco no início de janeiro de 1982, prestes a completar 67 anos, pobre e desamparado.



Fontes:
- Revista Placar 24/08/1979
- Revista Placar 11/01/1980
- Blog Almanaque do Futebol Brasiliense
- Site do Bragança Jornal Diário: http://bjd.com.br
- Jornal do Brasil, edição de 09/01/1982.




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